sexta-feira, 25 de abril de 2014

Perspectivas para OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO

Resenha


Referência: SNELL-HORNBY, Mary. Translation Sutides: Future Perspectives (Cap. 6). In: ______. The Turns of Translation Studies: New Paradigms or shifting viewpoints? Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2006, p.172-175.

Por María del Mar Carreño Leyva

The Turns of Translation Studies: New Paradigms or shifting viewpoints? é um livro crítico e ao mesmo tempo integrador que dá lugar a uma reflexão construtiva. Nele, Snell-Hornby faz uma profunda reflexão sobre o quê e como investigar, a partir de uma perspectiva integradora através de três propostas, transformadas ao longo do trabalho quase em pedidos: por um lado, a releitura de alguns autores, do ponto de vista de seu contexto histórico; por outro, uma abertura para a pesquisa não escrita em inglês, sem o inglês como língua de estudo; e, finalmente, um consenso terminológico como ponto de partida para uma melhor comunicação, a falta da qual resultou, por vezes, em diversas linhas de pesquisa, que no entanto, e de acordo com a autora, têm muito em comum.
            Assim, Snell-Hornby expõe ao longo dos seis capítulos do livro as contribuições mais inovadoras que, do ponto de vista atual, têm contribuído para a evolução da disciplina de tradução, e a estrutura resulta em uma relação quase cronológica dessas contribuições, que enfatiza a relevância em seu momento histórico, revelando as intrincadas relações entre as várias mudanças de pensamento e do contexto social e político concreto.
            No capítulo 6, a autora esboça brevemente uma série de propostas que visam uma melhor compreensão no seio da comunidade científica dedicada ao estudo da tradução. Ela duvida que seja possível falar de uma “virada sociológica”:
As the topic [of social implications on translation] has been around for so long, it is debatable whether it is now creating a new paradigm in the discipline: at all events translation sociology is a welcome alternative to the purely linguistic approach, and it is an issue of immense importance with a wealth of material for future studies. (Snell-Hornby 2006: 172)
Snell-Hornby defende o uso duma metalinguagem mais precisa, sem ambigüidades, compatível, e que reflita a pluralidade; defende a proposta de Finkenstaedt e Schröder de usar o multilingüismo passivo para enfrentar a tendência predominante do inglês no mundo acadêmico, como uma entrada para novas ideias, agora enterradas em obras mais desconhecidas. Mas sua visão vai além dos limites dos Estudos da Tradução, e propõe um discurso transparente para abrir a disciplina para outras comunidades científicas, promovendo assim uma troca enriquecedora.
            É verdade que a Europa que aparece em The turns of Translation Studies parece mais povoada ao norte do que no sul em relação aos autores citados, e se olharmos para o índice vamos sentir a falta de alguns nomes importantes, por exemplo, da Espanha, como Mayoral ou Hurtado.
            No entanto, cabe dizer que o trabalho é uma clara aposta na descentralização do conhecimento, não só através das várias chamadas contra o monolinguismo inglês, mas também pela introdução de nomes que podemos considerar menos mediáticos e pela citação de referências difíceis de consultar, como teses de doutorado.

            É significativo que as últimas palavras do livro sejam destinadas a um chamado para melhorar a comunicação entre colegas, saltando as barreiras linguísticas que nos arrastam para o que ela chama de "o império do inglês". Mary Snell-Hornby quer que seu trabalho seja uma visão pessoal da história dos Estudos de Tradução com uma clara intenção: construir pontes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário