Resenha
Por María del Mar Carreño Leyva
The Turns of Translation Studies: New
Paradigms or shifting viewpoints? é um livro crítico e
ao mesmo tempo integrador que dá lugar a uma reflexão construtiva. Nele, Snell-Hornby
faz uma profunda reflexão sobre o quê e como investigar, a partir de uma
perspectiva integradora através de três propostas, transformadas ao longo do trabalho
quase em pedidos: por um lado, a releitura de alguns autores, do ponto de vista
de seu contexto histórico; por outro, uma abertura para a pesquisa não escrita
em inglês, sem o inglês como língua de estudo; e, finalmente, um consenso terminológico
como ponto de partida para uma melhor comunicação, a falta da qual resultou,
por vezes, em diversas linhas de pesquisa, que no entanto, e de acordo com a
autora, têm muito em comum.
Assim,
Snell-Hornby expõe ao longo dos seis capítulos do livro as contribuições mais
inovadoras que, do ponto de vista atual, têm contribuído para a evolução da
disciplina de tradução, e a estrutura resulta em uma relação quase cronológica
dessas contribuições, que enfatiza a relevância em seu momento histórico, revelando
as intrincadas relações entre as várias mudanças de pensamento e do contexto
social e político concreto.
No capítulo 6, a autora esboça
brevemente uma série de propostas que visam uma melhor compreensão no seio da
comunidade científica dedicada ao estudo da tradução. Ela duvida que seja
possível falar de uma “virada sociológica”:
As the topic [of
social implications on translation] has been around for so long, it is
debatable whether it is now creating a new paradigm in the discipline: at all
events translation sociology is a welcome alternative to the purely linguistic
approach, and it is an issue of immense importance with a wealth of material
for future studies. (Snell-Hornby 2006: 172)
Snell-Hornby
defende o uso duma metalinguagem mais precisa, sem ambigüidades, compatível, e
que reflita a pluralidade; defende a proposta de Finkenstaedt e Schröder de
usar o multilingüismo passivo para enfrentar a tendência predominante do inglês
no mundo acadêmico, como uma entrada para novas ideias, agora enterradas em
obras mais desconhecidas. Mas sua visão vai além dos limites dos Estudos da
Tradução, e propõe um discurso transparente para abrir a disciplina para outras
comunidades científicas, promovendo assim uma troca enriquecedora.
É verdade que a Europa que aparece
em The turns of Translation Studies
parece mais povoada ao norte do que no sul em relação aos autores citados, e se
olharmos para o índice vamos sentir a falta de alguns nomes importantes, por
exemplo, da Espanha, como Mayoral ou Hurtado.
No entanto, cabe dizer que o
trabalho é uma clara aposta na descentralização do conhecimento, não só através
das várias chamadas contra o monolinguismo inglês, mas também pela introdução
de nomes que podemos considerar menos mediáticos e pela citação de referências
difíceis de consultar, como teses de doutorado.
É
significativo que as últimas palavras do livro sejam destinadas a um chamado
para melhorar a comunicação entre colegas, saltando as barreiras linguísticas
que nos arrastam para o que ela chama de "o império do inglês". Mary
Snell-Hornby quer que seu trabalho seja uma visão pessoal da história dos
Estudos de Tradução com uma clara intenção: construir pontes.
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