sábado, 26 de abril de 2014
Tradutora de Espanhol: Entrevista com a tradutora Simone Vieira Resende
Tradutora de Espanhol: Entrevista com a tradutora Simone Vieira Resende: Simone Vieira Resende é tradutora, nasceu em Teresópolis, interior do Rio de Janeiro. É graduada em letras e mestre em Linguística pela ...
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Perspectivas para OS ESTUDOS DA TRADUÇÃO
Resenha
Por María del Mar Carreño Leyva
The Turns of Translation Studies: New
Paradigms or shifting viewpoints? é um livro crítico e
ao mesmo tempo integrador que dá lugar a uma reflexão construtiva. Nele, Snell-Hornby
faz uma profunda reflexão sobre o quê e como investigar, a partir de uma
perspectiva integradora através de três propostas, transformadas ao longo do trabalho
quase em pedidos: por um lado, a releitura de alguns autores, do ponto de vista
de seu contexto histórico; por outro, uma abertura para a pesquisa não escrita
em inglês, sem o inglês como língua de estudo; e, finalmente, um consenso terminológico
como ponto de partida para uma melhor comunicação, a falta da qual resultou,
por vezes, em diversas linhas de pesquisa, que no entanto, e de acordo com a
autora, têm muito em comum.
Assim,
Snell-Hornby expõe ao longo dos seis capítulos do livro as contribuições mais
inovadoras que, do ponto de vista atual, têm contribuído para a evolução da
disciplina de tradução, e a estrutura resulta em uma relação quase cronológica
dessas contribuições, que enfatiza a relevância em seu momento histórico, revelando
as intrincadas relações entre as várias mudanças de pensamento e do contexto
social e político concreto.
No capítulo 6, a autora esboça
brevemente uma série de propostas que visam uma melhor compreensão no seio da
comunidade científica dedicada ao estudo da tradução. Ela duvida que seja
possível falar de uma “virada sociológica”:
As the topic [of
social implications on translation] has been around for so long, it is
debatable whether it is now creating a new paradigm in the discipline: at all
events translation sociology is a welcome alternative to the purely linguistic
approach, and it is an issue of immense importance with a wealth of material
for future studies. (Snell-Hornby 2006: 172)
Snell-Hornby
defende o uso duma metalinguagem mais precisa, sem ambigüidades, compatível, e
que reflita a pluralidade; defende a proposta de Finkenstaedt e Schröder de
usar o multilingüismo passivo para enfrentar a tendência predominante do inglês
no mundo acadêmico, como uma entrada para novas ideias, agora enterradas em
obras mais desconhecidas. Mas sua visão vai além dos limites dos Estudos da
Tradução, e propõe um discurso transparente para abrir a disciplina para outras
comunidades científicas, promovendo assim uma troca enriquecedora.
É verdade que a Europa que aparece
em The turns of Translation Studies
parece mais povoada ao norte do que no sul em relação aos autores citados, e se
olharmos para o índice vamos sentir a falta de alguns nomes importantes, por
exemplo, da Espanha, como Mayoral ou Hurtado.
No entanto, cabe dizer que o
trabalho é uma clara aposta na descentralização do conhecimento, não só através
das várias chamadas contra o monolinguismo inglês, mas também pela introdução
de nomes que podemos considerar menos mediáticos e pela citação de referências
difíceis de consultar, como teses de doutorado.
É
significativo que as últimas palavras do livro sejam destinadas a um chamado
para melhorar a comunicação entre colegas, saltando as barreiras linguísticas
que nos arrastam para o que ela chama de "o império do inglês". Mary
Snell-Hornby quer que seu trabalho seja uma visão pessoal da história dos
Estudos de Tradução com uma clara intenção: construir pontes.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Questões Gramaticais: Notícia biográfica
O professor Carlos Nougué acabou de lançar um novo blog.
Suculento!
Questões Gramaticais: Notícia biográfica:
Carlos Nougué , nascido no Rio de Janeiro e atualmente com 62 anos, ocupou a cadeira de Língua Portuguesa e a de Tradução Literária ...
Suculento!
Questões Gramaticais: Notícia biográfica:
Carlos Nougué , nascido no Rio de Janeiro e atualmente com 62 anos, ocupou a cadeira de Língua Portuguesa e a de Tradução Literária ...
Os Estudos da Tradução No Brasil
Resenha do texto: Os Estudos da Tradução no Brasil
Por Simone Vieira Resende
Referência:
1. MILTON, John. Translation Studies in Brazil. Lintas Bahasa Translingua (Indonesia),
v.15, p. 53-62, 2011.
O texto do professor John Milton da
Universidade de São Paulo conta a história do desenvolvimento da disciplina
Estudos da Tradução no Brasil.
O texto está organizado em quatro partes
distintas. A formação da disciplina, o crescimento dos cursos de pós-graduação
nas décadas de 80 e 90, a institucionalização dos Estudos da Tradução e a parte
final que trata de assuntos relevantes sobre essa área de investigação.
De acordo com John Milton, o pesquisador Paulo
Ronái é considerado o pai dos Estudos da Tradução no Brasil, o imigrante
húngaro foi editor e tradutor de várias obras de Balzac para o português em um
projeto da Editora Globo entre 1945 e 1955. Como editor e tradutor ele já se
interessava pelas questões tradutórias.
Na década de 80 os irmãos Haroldo e Humberto
de Campos se destacavam traduzindo obras de grande renome para o português e
dando prestígio acadêmico à tradução. Eles eram inovadores com seus conceitos
teóricos e davam ênfase aos aspectos visuais e auditivos da tradução. Haroldo
ficou conhecido por cunhar o termo “transcriação” que em um primeiro momento se
referia as estratégias tradutórias que não seguiam a dicotomia forma/conteúdo
da poesia. Para Haroldo de campos a transcriação ou recriação não era sinônimo
de infidelidade, pelo contrário, segundo ele, esse fenômeno passava longe da
adaptação e era, de uma forma geral, extremamente fiel ao texto de partida.
A tradução dos dois, assim como a teoria de
tradução apresentada por eles, apresenta maneiras de se abrasileirar algumas
expressões, lançar mão de neologismos e transcriar trechos. A meu ver, esse
arcabouço criado e defendido por eles muito contribuiu para a fundamentação dos
estudos da Tradução como conhecemos hoje. Como tradutores, ele foram
responsáveis por introduzir muitos autores universais no sistema literário
brasileiro, como investigadores e teóricos da tradução, propagaram ideias
inovadoras sobre a estética, a teoria literária, a semiótica. A obra dos irmãos
Campos é dotada de muita universalidade, com grande alcance internacional.
Outro pesquisador e tradutor que se sobressai
nessa época é José Paulo Paes, ele concorda com muitas das ideias dos irmãos
Campos, porém discorda do uso dos neologismos em obras traduzidas. JPP dedicou
a literatura e depois que se aposentou como editor, ele deu início a vários
trabalhos como tradutor, trazendo para o português obras de Charles Dickens,
Joseph Conrad, Lewis Carroll, entre outros tantos. Como reconhecimento pelo
excelente trabalho como tradutor, ele foi nomeado diretor da oficina de
tradução de poesia do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade
Estadual de Campinas, a UNICAMP.
Outro autor reconhecido por sua contribuição
aos estudos da Tradução como disciplina foi Nelson Ascher. Eles escreveu vários
artigos sobre tradução e também era tradutor. Assim como José Paulo Paes,
Ascher também não tinha uma formação em literatura, Paes era químico de
formação e Ascher estudou um pouco de medicina, mas se formou em administração.
Ele trabalhava como jornalista, escritor e editor.
Sendo assim, fica fácil perceber que a
produção de estudos e colocações sobre a tradução no Brasil não se iniciou na academia,
ou seja, na universidade, sendo antes disso um fenômeno que começou fora dela,
nas editoras, nos projetos editoriais de tradução e escrita literária. Pode-se
notar que esse fenômeno se deu a partir das publicações na Folha de São Paulo
de alguns artigos dos irmãos Campos, Paes e Ascher. Esses artigos, mais tarde,
foram também publicados pelo primeiro periódico sobre tradução lançado no
Brasil, o Tradução e Comunicação, da UNIBERO.
Apenas nas décadas de 80 e 90 foi que a
universidade começou a demonstrar interesse pelos estudos da tradução. Haroldo
de Campos, José Paulo Paes e Nelson Ascher começaram a se encaixar em projetos
universitários, o primeiro foi convidado a lecionar na Pós -graduação e o
segundo organizou o primeiro seminário sobre tradução na Unicamp e o terceiro
criou a Revista USP e é seu editor. Nesse período era muito grande o interesse
dos alunos em estudar tradução no nível de mestrado e doutorado, essa demanda
fez a oferta crescer e outros cursos de formação em tradução começaram a se
espalhar pelo Brasil.
O segundo ponto importante do artigo trata da
institucionalização da disciplina. Nesse
trecho o autor reforça a necessidade de se observar os fatores que fazem com
que se reconheça uma disciplina acadêmica como sendo independente. Não se trata
apenas de possuir sua própria linha teórica. Esse estabelecimento se dá a
partir da observação de alguns elementos como a fundação de grupos,
organizações e associações que possam vir a organizar congressos, simpósios e
encontros sobre o assunto, assim como publicações acerca da tradução. O autor
ressalta a criação da ANPOLL, da ABRAPT e consequentemente dos eventos
organizados por essas associações e organizações.
A publicação de Jornais e periódicos, assim
como a criação de cursos de pós-graduação são fatores que também marcam o
estabelecimento dessa área como uma disciplina acadêmica independente.
O final do artigo ressalta as mudanças
ocorridas no campo da tradução por conta das novidades tecnológicas que tomam
conta do globo, - como por exemplo o advento das ferramentas tradutórias, o uso
de corpora eletrônicos, a tradução automática e o uso da internet - como sendo
um marco para a evolução e consolidação da disciplina como um todo. Essa
tecnologia trouxe para os ET diferentes áreas de investigação e que podem ainda
ser amplamente exploradas como no caso da tradução de libras, da tradução áudio
visual, da localização e muitas outras.
Para John Milton, a disciplina cresceu muito
aqui no Brasil, mas, segundo ele, ainda se publica muito pouco sobre as
pesquisas realizadas aqui no Brasil, principalmente nos jornais e periódicos
internacionais.
Assinar:
Postagens (Atom)